segunda-feira, 8 de agosto de 2011

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Hoje era o teu dia de aniversário. Farias 70 anos.

Esta manhã tentei recordar em que ano deixaste de lutar mas não consegui.

Não creio poder atribuir às noites de insónia que me têm visitado nos últimos dias a culpa da falta de memória.

Penso que a culpa é da minha famosa memória selectiva. Só recordo aquilo que vale a pena. E valeu a pena o tempo que passámos juntas, mesmo sabendo que eu não era a filha que tu gostavas que fosse. Sei que me amavas, mas sempre esperaste e exigiste demasiado de mim. E por mais que fizesse nunca era suficiente. Porque eu tinha que ser a melhor em tudo. Eu não podia cometer erros. Às vezes questiono-me o que seria de mim se tivesse tido o tratamento que deste às minhas irmãs? Seria hoje outra pessoa? Não sei. Apenas sei que era a tua maneira de me amar. E apenas sei que muita da força que hoje consigo ter é graças a ti. A minha capacidade de lutar contra as adversidades é graças a ti. Mas só no último fôlego conseguiste dizer que te orgulhavas de mim. Se soubesses as vezes que eu precisei de ouvir isso...

Sabes o que é curioso? Os princípios e valores que me destes transmiti às minhas filhas. Apenas não sou tão exigente e tão dura porque a sociedade de hoje já faz esse papel.

Porque é que não me consigo lembrar do ano em que partiste? Talvez porque no meu coração nunca partiste. Estás naquele cantinho, como sempre. E sinto a tua falta. Todos os dias...


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